O Internacional deixou o duelo contra o Bahia, no Beira-Rio, pela CONMEBOL Libertadores, com mais dores de cabeça em relação ao departamento médico, entre elas Bernabei, que foi substituído por lesão. E o técnico Roger Machado não ficou em silêncio.
Em coletiva após o duelo, o técnico do Colorado fez um longo desabafo e disparou contra o calendário do futebol brasileiro. E disse que mesmo com a parada para o Mundial de Clubes, entre junho e julho, os problemas seguirão.
Roger ainda relembrou a carreira como jogador, sofrendo também com as lesões, e fez um pedido à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para que zele pelos jogadores. O comandante do Inter ainda disparou contra o gramado sintético.
“Vai acontecer, as lesões musculares vão acontecer nesse cenário. Não é nem o número de jogos, é a densidade deles sendo jogados nesse momento. O futebol brasileiro tem a capacidade de ser a melhor liga do mundo, mas enquanto a gente não cuidar bem do jogador e vender o produto como deve ser, os jogos vão ter baixa qualidade. É impossível conseguir cumprir três dias a cada jogo, e depois da parada (para o Mundial) vai acontecer de novo. A gente está tentando lidar com a nossa diretoria, vai ficar muito caro de a gente fazer futebol, que a gente consiga trazer, em número, mais jogadores, contratar, ou seja, onerar a folha para ver se a gente consegue cumprir uma outra perna que vai ser muito pesada também. Para que a gente não tenha que lançar o Raykkonen, de 16 anos, que há duas semanas eu pouco conhecia, lançar porque a gente está precisando da demanda de jogadores pelas lesões, em função dos jogos”, começou por dizer.
“O clube que em campo ganha o direito de disputar três competições é punida, claro que as lesões preocupam. O futebol brasileiro lesiona muito jogador, o jogador que joga na Europa tem uma qualidade de vida e saúde física muito melhor que a nossa. Eu acabei a carreira todo arrebentado, artrose nos dois tornozelos, cinco cirurgias no joelho, três hérnias de disco, uma cirurgia de púbis, dores todos os dias, todo os dias. Se jogava a cada 3 dias, na década de 90 teve três jogos no mesmo dia do Campeonato Gaúcho, com todo o respeito, é por isso que o futebol brasileiro está assim”, prosseguiu.
“Enquanto a gente não cuidar do produto e do jogador para fazer melhores jogos, a gente vai continuar com essa disputa de puxa daqui, puxa de lá, do calendário, das lesões. Jogador já machuca por si, a média de lesões musculares é de duas por ano naturalmente. O nosso vai ter quatro, cinco, perda de força contrátil, porque uma lesão muscular é uma ruptura na fibra, não bem recuperada essa fibra não vai contrair com a mesma força. Por isso que às vezes a gente acaba tendo que preservar jogadores, não é por acaso que os nossos jogadores que a gente preserva mais, os de mais idade, são os com menos lesões. Quantas lesões o Fernando teve? O Alan (Patrick)? Tiveram poucas porque a gente acaba preservando eles um pouco mais, só que a gente tem que fazer com todos. A nossa federação brasileira, por favor, que se organize para que a gente tenha um campeonato justo. Fora os sintéticos da vida que a gente está tendo que jogar e que vai acabar com a articulação dos nossos jogadores.”
No duelo contra o Bahia, quem abriu o placar foram os adversários, que no segundo tempo marcaram com Jean Lucas. O Inter reagiu rapidamente, empatando com Vitinho, e no fim Borré virou o placar, levando o Colorado à classificação às oitavas da Libertadores como líder do Grupo F. O Esquadrão de Aço, por sua vez, foi eliminado e vai disputar os playoffs da CONMEBOL Sul-Americana.
