Algumas histórias não são apenas coincidências; parecem escritas com a tinta invisível do tempo.
Na noite em que Portugal derrubou a Alemanha em plena Allianz Arena, por 2 a 1, pela semifinal da Nations League, o que se viu não foi apenas uma virada inesquecível. Foi um reencontro com o passado. Um reencontro de pai e filho separados por uma geração, mas unidos por um mesmo feito: derrotar os alemães em um palco europeu.
Francisco Conceição entrou no segundo tempo e mudou o jogo a favor dos lusos. Fez o gol do empate, após Wirtz abrir o placar para a Alemanha, foi eleito o melhor em campo após Cristiano Ronaldo virar o jogo e, sem saber, reviveu uma história que parecia guardada nos livros.
Há 25 anos, seu pai, Sérgio Conceição, assombrou a Alemanha com três gols pela Eurocopa de 2000, em partida que eliminou os germânicos e cravou seu nome na história do futebol português. Desde então, Portugal jamais havia batido o rival novamente.
Hoje, o sobrenome Conceição voltou a ecoar nos ouvidos dos alemães, como um fantasma do passado, um sinal de que certas glórias não envelhecem: apenas mudam de rosto.
Foi apenas a segunda vez que Portugal venceu a Alemanha em solo inimigo. Raro, sofrido, inesquecível. Por anos, os confrontos entre essas seleções carregaram a dor de derrotas pesadas, sempre nos momentos mais duros. Foi assim em Copas do Mundo, em Euros. Mas agora, foi diferente. Desta vez, o roteiro pertenceu a Portugal, e a uma família que parece ter nascido para brilhar em jogos grandes.
Francisco não apenas fez um gol. Ele tocou a história. Deu continuidade a uma linhagem de coragem, talento e oportunismo. E mostrou que o futebol tem dessas magias: quando menos se espera, ele traz o passado de volta, com uma nova face, mas com o mesmo brilho.
Portugal venceu. Francisco brilhou. E Sérgio, comemorou com orgulho do filho. Porque há coisas que nem o tempo apaga. Só transforma.
