Caso VaideBet: Empresário processa Corinthians e cobra R$ 8,4 milhões por intermediação

O caso VaideBet teve mais um desdobramento negativo para o Corinthians nesta quinta-feira (10). Apontado pela investigação da Polícia Civil como um dos verdadeiros intermediários no contrato de patrocínio entre a casa de apostas e o clube, Sandro dos Santos Ribeiro acionou o time do Parque São Jorge na Justiça cobrando R$ 8,4 milhões.

O valor corresponde a um terço dos R$ 25 milhões que seriam pagos por intermediação durante os três anos de contrato, sendo 7% de R$ 360 milhões.

Na ação, a qual a ESPN teve acesso, o empresário alega ter sido deixado de fora do contrato após ter conduzido o acordo entre Corinthians e VaideBet ao lado de Antônio Pereira dos Santos, conhecido como Toninho Duettos, e Washington de Araújo Silva.

No contrato assinado entre Corinthians e VaideBet no dia 7 de janeiro de 2024, no entanto, a intermediação aparece a cargo de Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, através da empresa ‘Rede Social Media Design’.

O processo aberto por Sandro dos Santos Ribeiro cita como prova uma reunião realizada em 27 de dezembro de 2023, com o empresário é fotografado ao lado de Marcelo Mariano, que viria a ser diretor administrativo do Corinthians, e Augusto Melo, além de André Rocha, dono da VaideBet.

Os citados ainda estiveram no Parque São Jorge na cerimônia de posse de Augusto Melo como presidente do clube, no início de janeiro de 2024.

A investigação finalizada pelo Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) da Polícia Civil de São Paulo apontou que a ‘Rede Social Media Design’ realizou repasses a uma empresa aberta em nome de uma “laranja”, e que em seguida chegaram a uma conta vinculada ao crime organizado.

Entenda o passo a passo de como dinheiro de comissão do Corinthians foi parar em conta suspeita:

A empresa “Rede Social Media Design” recebeu R$ 1,4 milhão a título de comissão em dois pagamentos de R$ 700 mil: o primeiro em 18 de março de 2024; o segundo em 21 de março.

Dessa quantia, R$ 1 milhão foi repassado então à “Neoway Soluções Integradas”, empresa que tinha como proprietária Edna Oliveira dos Santos, mulher que teria sido usada como “laranja”.

A investigação conduzida pela Polícia Civil aponta ainda que Alex Cassundé esteve no Parque São Jorge no dia em que a primeira transferência bancária à Neoway foi realizada, no dia 25 de março.

Segundo apontam indícios apurados pela investigação, pouco mais de R$ 1 milhão chegou fracionadamente durante o decorrer de semana à conta da “UJ Football Talent Intermediação” através de repasses feitos por duas empresas: “Wave Intermediações e Tecnologias LTDA” (R$ 874.150,00) e “Victory Trading Intermediação de Negócios” (R$ 200.000,00).

A investigação da Delegacia de Crimes Financeiros aponta ainda que o “único sócio da Victory, Victor Henrique de Oliveira Shimada, foi preso em janeiro de 2025 pela Policia Federal, tendo permanecido pouco mais de duas semanas detido, acusado, tudo indica, da prática de furto qualificado e lavagem de dinheiro”.

Como revelou uma reportagem do SBT, a “UJ Football Talent” foi citada em acordo de delação premiada firmado por Antônio Vinícius Gritzbach com o Ministério Público de São Paulo como empresa ligada a integrantes do crime organizado.

O empresário foi morto no dia 8 de novembro de 2024 no estacionamento do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

A ESPN detalha abaixo o passo a passo da comissão paga pelo Corinthians até a conta da UJ Football Talent Intermediação:

  • 18 de março: pagamento de R$ 700 mil do Corinthians à Rede Social Media Design

  • 21 de março: pagamento de R$ 700 mil do Corinthians à Rede Social Media Design

  • 25 de março: Rede Social Media Design envia R$ 580 mil à Neoway Soluções Integradas (data em que Alex Cassundé esteve presencialmente no Parque São Jorge)

  • 26 de março: Rede Social Media Design envia R$ 462 mil à Neoway Soluções Integradas

  • 26 de março: Neoway faz envio de R$ 600 mil à Wave Intermediações e Tecnologias LTDA

  • 26 de março: Neoway faz envio de R$ 400 mil à Wave Intermediações e Tecnologias LTDA

  • 26 de março: Wave envia R$ 467.325,00 à UJ Football Talent Intermediação

  • 27 de março: Neoway envia R$ 40 mil à Thabs Soluções Integradas

“(…) Tudo estava a indicar que o compromisso da NEOWAY, enquanto empresa fantasma e titular de contas de passagem, era receber dinheiro e imediatamente enviá-lo ao destinatário indicado”, cita o relatório da Delegacia de Crimes Financeiros.

  • 28 de março: Wave envia R$ 206.825,00 à UJ Football Talent Intermediação

  • 28 de março: Wave envia R$ 200 mil à UJ Football Talent Intermediação

  • 28 de março: Victory Trading Intermediação de Negócios envia R$ 200 mil à UJ Football Talent Intermediação

“Parece-nos nítido, destarte, que aqueles que deram causa ao desvio de dinheiro dos cofres do Sport Club Corinthians Paulista se utilizaram das tradicionais estratégias de lavagem de dinheiro para, não só introduzir os valores no sistema financeiro e distanciar o capital ilícito de sua origem, visando, assim, evitar uma associação direta com a infração antecedente (daí o uso de duas camadas de empresas – NEOWAY e, depois, WAVE /VICTORY), como também fracionar os recursos criminosos em transito e, deste modo, pulveriza-los em duas , três ou amis operações, tudo para dificultar a reconstrução da trilha do papel”, cita o relatório.

A “Wave” está no centro do relatório por apresentar movimentações consideradas suspeitas, tendo registrado cerca de 23 operações de depósito em espécie entre 2023 e 2024, somando valores na casa de R$ 3 milhões.

O relatório aponta ainda que a empresa movimentou R$ 290 milhões entre agosto de 2023 e setembro de 2024 em uma conta do Banco do Brasil.

Ainda segundo relatório do DPPC, a “Wave Intermediações e Tecnologias LTDA” teve operação encerrada no dia 25 de abril, pouco tempo após a inclusão online nos autos do processo dos depoimentos de Augusto Melo, Marcelo Mariano e Sergio Moura, além de Rubens Gomes, ex-diretor de futebol do Corinthians.

“Na oitiva deste (Rubens Gomes), feita em aditamento, num dado momento lhe foi dirigido questionamento sobre a UJ Football, o que nos faz presumir que, possivelmente, alguém tenha ficado sabendo desta menção e, concluído que havíamos descoberto o caminho do dinheiro, tratou imediatamente de encerrar a principal empresa usada para mobilizar a engrenagem: a WAVE”, aponta o relatório da Polícia Civil.

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