Nos últimos 15 dias, os fãs de tênis ao redor do mundo ficaram ligados nas partidas emocionantes de Wimbledon, o Grand Slam mais antigo do mundo e que tem transmissão de todas as quadras no Disney+ Premium.
Neste domingo (13), a grande final masculina entre o número um do mundo Jannik Sinner e o atual bicampeão Carlos Alcaraz promete fechar com chave de ouro a 138ª edição do The Championships, que começou em 1877.
Uma protagonista em comum desde os primórdios da competição é a grama. Ou melhor, as quadras de grama.
Desde a primeira edição, Wimbledon é disputado em quadras de grama natural e, atualmente, é o único dos quatro Grand Slams que continua com a superfície ‘original’ do tênis. Atualmente disputados em quadras duras, de cimento, o Australian Open e o US Open foram realizados também na grama em suas primeiras edições. Até, Roland Garros, tradicionalmente jogado no saibro desde 1892, teve sua primeira edição realizada na grama.
Na prática, as quadras de grama provocam jogos e pontos mais rápidos, produzem quiques da bola mais imprevisíveis e acabam sendo um desafio a mais para os tenistas, já que o piso é mais escorregadio.
Para quem acompanha de casa, as listras simétricas e perfeitas nos gramados também viram uma atração à parte.
E como são feitas essas listras nas quadras de grama?
“As listras do gramado são o sinal da direção que a máquina de corte segue. Toda vez que a máquina faz a poda, se ela vai em um sentido, a faixa tem uma cor; quando volta no sentido contrário, a faixa é diferente. Não há diferença de altura, nem coloração artificial, é um gramado 100% natural”, explica o engenheiro agrônomo Rodrigo Santos.
O efeito visual acontece porque a máquina, além de cortar, deita as folhas da grama. A luz do sol reflete de forma distinta dependendo do sentido em que essas folhas foram inclinadas.
Existem quadras de grama de tênis no Brasil?
Sim, mas ainda são extremamente raras, especialmente comparadas com as quadras duras (também chamadas de rápidas) ou as de saibro, piso que consagrou Gustavo Kuerten, em Roland Garros. Em 2015, um levantamento feito pelo UOL em contato com a Confederação Brasileira de Tênis localizou apenas 5 em todo país.
“Diferente do Reino Unido, que tem tradição e estrutura voltadas para esse tipo de quadra, o Brasil é historicamente mais ligado ao saibro. Além disso, há o desafio técnico de construção e manutenção. Até pouco tempo, nem havia empresas especializadas nesse tipo de piso no país”, destaca Rodrigo.
Apesar do desafio, o agrônomo conta que esse cenário pode mudar em breve. Ele é coordenador do Centro de Gramados Esportivos da Itogras. Uma dessas mudanças é um projeto inédito denominado de Itograss Tennis Experience, que fica dentro do Centro de Pesquisa da própria Itograss, em Patrocínio Paulista, no interior do estado de São Paulo.
Nessa iniciativa, a empresa adaptou conhecimentos de gramados europeus à realidade climática brasileira, utilizando a variedade TifEagle, resistente ao calor e ao solo tropical. Ainda assim, manter uma quadra de grama natural em funcionamento requer cuidado constante: cortes frequentes, adubação intensiva e controle rígido da qualidade.
“Não há impeditivos climáticos para que o Brasil desenvolva quadras com qualidade semelhante às de Wimbledon. A gente afere semanalmente os índices qualitativos e de jogabilidade da quadra, e já tivemos atletas profissionais dizendo que a experiência foi tão boa quanto, ou até melhor, do que em algumas quadras europeias.”, completou.
Na cidade do interior paulista, uma quadra foi construída pela empresa e tem uso exclusivo para fins comerciais da própria Itogras, com uso limitado para convidados e parceiros.
