Mundial foi sucesso ou fracasso? Quem cobriu o torneio nos EUA responde

Depois de um mês de jogos que ficarão marcados na memória dos torcedores, o Mundial de Clubes se encerrou no último domingo (13) com o título do Chelsea sobre o PSG no MetLife Stadium, em Nova Jersey. Para a Fifa, ao menos no discurso oficial, a primeira edição da competição foi um sucesso.

Quem viveu o torneio, porém, sabe que nem tudo foi um mar de rosas – mesmo com tantos acertos. Em uma retrospectiva sobre tudo que foi vivido ao longo do último mês, o ESPN.com.br conversou com jornalistas do Brasil e do resto do mundo que apontaram os principais acertos e erros da competição.

Dentro dessa análise, alguns pontos são divergentes, mas um deles é quase unânime: a realização do torneio foi um acerto. “Não foi fácil, mas, no fim das contas, em campo, o resultado foi muito melhor do que todos imaginávamos”, relatou Fernando Kallas, da Reuters. “As surpresas, dramas, novas estrelas. Chegou pra ficar”.

“Vejo um grande potencial, especialmente para as equipes da África, Ásia e América do Sul, que merecem o devido reconhecimento. Os clubes europeus expressaram algumas críticas, mas demonstraram respeito pelo torneio”, complementou Lorenz Köhler, da iDisky Media, da África do Sul.

Para Paulo Cobos, blogueiro do ESPN.com.br, o potencial do torneio chama a atenção – inclusive pelo viés financeiro. “Sua premiação é alta até para os padrões europeus. A competição é uma chance de levar a marca dos clubes para todos os cantos do planeta”.

A organização e infraestrutura da competição geraram elogios – apesar de alguma surpresa. Carlos Sáez, da rádio Cope, da Espanha, exaltou as instalações usadas, tanto para jogos quanto para preparação dos times.

“A organização e a estrutura pareceram funcionar perfeitamente, com instalações adequadas para as equipes, a mídia e os jornalistas”, relatou.

O fato de diferentes culturas de torcidas serem vistas também foram exaltadas. Roberto Rojas, da ESPN dos Estados Unidos, exaltou o ambiente de alguns dos jogos em um país nem tão acostumado com o futebol sendo o esporte predominante.

“Você vê o ambiente dos sul-americanos e dos africanos, dos times asiáticos que vêm para os Estados Unidos, demonstrando a energia que vem desses países”, contou o jornalista.

E o que ainda deve melhorar?

Muitos pontos, porém, também foram contestados pelos jornalistas. Apesar do ambiente de alguns jogos com presença em massa de torcedores de outros países, os estádios mais esvaziados geraram contestações.

“Existiram alguns jogos nos quais não souberam entender a importância do estádio em que se jogavam. Por exemplo, colocar partidas da fase de grupos no Mercedes-Benz Stadium de Atlanta, como o Chelsea x LAFC, me pareceu um erro, porque é um estádio muito grande que não iria encher nunca com essas equipes. E isso passa a sensação de que as pessoas não estão interessadas no torneio, quando na verdade estão, sim. O que acontece é que colocam 20 mil em um estádio para 70 mil, e parece que está vazio”, contou Diego Campoy, da DAZN da Espanha.

Um fator apontado como problemático para esses estádios mais esvaziados foi o preço dos ingressos. Joseph O’Sullivan, da Forbes, vê valores elevados na maioria dos jogos como um ponto a se melhorar para as próximas edições.

“A menos de um dia da final, verifiquei que ainda havia milhares de ingressos disponíveis, sendo o mais barato cerca de 200 dólares. Claramente, a estratégia de preços e a precificação dos ingressos não foram bem-sucedidas. A consequência disso para o torneio é a visão de estádios com metade da capacidade preenchida”, contou.

Fontes ouvidas pelo ESPN.com.br ainda criticaram a forma como a Fifa lidou com a propaganda do torneio dentro dos Estados Unidos. “Eles achavam que fosse se vender facilmente e não foi assim que aconteceu. Aqui a cultura esportiva é diferente”, disse uma pessoa que preferiu não se identificar.

Na Europa, mais especificamente na Inglaterra, o interesse pelo torneio (ou a falta dele) chamou a atenção de Alex Kirkland, da ESPN do Reino Unido e que esteve nos Estados Unidos apenas durante a primeira metade da competição.

“Quando eu voltei para casa e falei com pessoas, algumas que são muito fanáticas por futebol, elas relatavam que sequer assistiram a uma partida, basicamente ignoraram. Claro, faz falta não ter o Manchester United, o Liverpool ou o Barcelona. Talvez a Fifa tenha que achar um jeito de ter mais times como esses, que gerem ainda mais interesse e certos mercados”, avaliou.

Roberto Rojas alertou para questões de segurança, também, lembrando da tensão política vivida nos Estados Unidos. “Por sorte, não tive problemas, mas sabemos o que está acontecendo, como está o clima politicamente. E pode ter essa segurança para os jogadores para não ter esses problemas no nível mais importante”.

O ponto mais criticado, porém, foi o horário das partidas – que acabavam gerando duelos sob intenso calor. “Embora benéficos para a Europa, podem ser desafiadores para as equipes”, argumentou Carlos Sáez.

“É notável que as partidas sejam disputadas às 15h, em vez das 21h. E essas partidas estão ocorrendo em estádios como o MetLife, que não possui cobertura, nem proteção contra o sol. Isso afeta não apenas os jogadores, mas também os torcedores e espectadores, uma vez que as áreas ao redor do estádio são grandes estacionamentos abertos, sem ruas com sombra”, seguiu Joseph O’Sullivan.

Apesar dos contrapontos, porém, a avaliação geral de quem viveu o Mundial é positiva. “Passa raspando de ano. Nota 7. Com viés de subida”, como classificou Paulo Cobos. “Principalmente quando se pensa em uma primeira edição”.

Resta saber se, nos próximos anos, modificações positivas serão feitas para que o torneio ganhe cada vez mais popularidade.

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